um
passarinho treme de frio e de fome na noite vazia
no
alto, no céu, silhueta um vulto voando só
desce
qual raio o animal de rapina, qual raio
some
pra sempre do mundo um pedaço de dor
quer
ser engolida? – pergunta o fogo à palmeira
posso
arrancá-la? – oferece a menina à flor
dispo-me
tarde demais de um sonho inebriante
nu
já não posso vestir-me com as graças que escolho
deixo-me
a única roupa do corpo que resta
-
é meu sorriso?
-
teu riso mata meu frio e minha fome de amor
o
que fazer da vontade vermelha que eu tenho
de
te pegar pelo braço e sair pelo mundo?
subo
no galho mais alto que eu posso do ipê
e
dou-me em calmo presente pra ti me comer
.